por Valetim Fagim,no Sermos Galiza:
… a razão, a experiência e a intuição saem pola janela. Assim reza um provérbio hindu.
Quando dou uma palestra sobre a estratégia internacional para o galego costumo começar com um jogo. O tal jogo está no início do livro O galego é uma oportunidade.
Antes de mais nada, aviso às assistentes de que no ecrã vão aparecer três frases. Trata-se de aplaudir em função do grau de concordância que provoquem em cada um de nós. De facto, pode haver um continuum desde aplausos esquenta-mãos até o silêncio mais mortório.
A primeira frase é “No Brasil falam galego”. A frase costuma ligar com o entusiasmo mas do que com a razão mas o habitual é haver um estrondo.
A segunda frase é “O Brasil e Portugal falam a mesma língua, português”. Dado ser uma realidade administrativa, que se pode conferir na wikipedia ou na constituição de ambos os países, os aplausos não baixam em intensidade. Talvez haja um menor entusiasmo porque os factos sempre são mais frios que os projetos.
A terceira frase é “Na Galiza falamos português” e o esquema muda. Caso haja aplausos demoraram um bocado e emanam de poucas mãos.
Nesse momento pido-lhes para lembrarem as aulas escolares onde nos falavam da lógica aristotélica, aquilo de se A=B e B=C, então A=C. Por outras palavras, se no Brasil falam galego, e no Brasil e Portugal falam português, portanto...
Todo este jogo serve para tomar consciência de que a emoção e a razão não sempre caminham de mãos dadas, bem como a pergunta: quem fala a minha língua? tem respostas onde razão e emoção se entrelaçam e às vezes pisam-se.
Eu nascim em Vigo em 1971, de pai castelhano e mãe galega e fum educado, como todos os meus colegas de aulas, em castelhano. Contam-se com os dedos das mãos aqueles colegas que falam hoje galego sendo que a maioria deles moram em Compostela, Portugal e o Brasil.
Movido pola emoção, na adolescência, comecei a tentar falar em galego. Só o conseguim, de vez, residindo em Compostela. Dado que falava galego tinha que resolver uma pergunta: e que galego vou falar? Esta pergunta levava para outra: quem fala a minha língua? Por intuição sentia que a informação que recebera ao respeito tinha qualquer cousa de errado. Eu lia Pessoa e cantava Caetano Veloso e ninguém me ensinara português. A partir de aí pliquei a razão em muitas leituras e conversas para construir a melhor resposta. É assim chegamos onde estamos hoje.
Seja como for sempre tento, o que nem sempre consigo, não esquecer que a emoção fai parte do processo. Afinal, eu movo-me pola língua, é um motor para mim, basicamente por pura e simples emoção.
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