por Maurício Castro en Galicia Confidencial:
Leio nas páginas do Galicia Confidencial umha informaçom sobre os problemas e riscos para o galego na era digital, feita a partir de um estudo realizado por investigadoras galegas para umha instituiçom europeia.Polos vistos, o tal informe lamenta a escassa presença do galego no mundo das novas tecnologias e da internet, advertindo da ameaça que a globalizaçom supom para a sobrevivência do nosso património lingüístico e cultural. Como noutros estudos parecidos, conclui que é preciso investir mais em criar recursos em galego, investigar, inovar e desenvolver.
Nom é objeto destas linhas analisar tal estudo, muito menos despachá-lo a partir dumha notícia inevitavelmente superficial. Unicamente, aproveito para advertir sobre a focagem errada com que na Galiza vimos tratando os problemas, carências e desafios que a nossa comunidade lingüística enfrenta no ámbito das novas tecnologias e nom só.
Deveria ser já umha vulgar obviedade afirmar que pertencemos a umha comunidade lingüística nom só internacional, mas intercontinental, formada por um número crescente de falantes, estimado já nos últimos estudos em 240 milhons de pessoas. Umha das maiores comunidades lingüísticas do mundo, nascida muito tempo atrás neste canto do planeta chamado Galiza.
A esse facto soma-se um outro nom menos importante: o principal e mais populoso país dos que formam esse grande espaço, o Brasil, tem um peso crescente no cenário internacional e umha presença especialmente significativa no mundo das novas tecnologias, especialmente na internet.
Esta obviedade que acabei de formular é totalmente desconsiderada pola maioria de entidades e pessoas participantes, de umha forma ou outra, na política lingüística existente na Galiza. Somos, da comunidade de países de fala galega ou portuguesa, o país que mais necessita do reforço dessa comunidade internacional de falantes mas, paradoxalmente, somos o único cujas instituiçons públicas a desprezam ao ponto de continuarmos sem fazer parte do organismo institucional que os agrupa: a CPLP.
Todo um disparate que ninguém entende a partir de parámetros galegófilos e de puro utilitarismo num contexto de grave ameaça para a continuidade da nossa comunidade lingüística. Apelar a particularismos evidentes ou a barreiras artificiais como a ortográfica para manter o galego isolado do seu campo de jogo natural é condená-lo à precariedade e à morte lenta a que todos e todas assistimos.
Porém, a quem afirma que a ortografia é secundária e que mesmo dentro da escrita castelhanizante praticada polas instituiçons atuais é possível dar umha orientaçom diferente às relaçons entre a Galiza e a lusofonia, deveremos responder que até agora a ortografia tem funcionado como umha clara e efetiva fronteira visual. De facto, hoje vemos como os defensores de um suposto possibilismo ortográfico combinado com um reintegracionismo teórico aderem acriticamente a campanhas pola galeguizaçom em ámbitos como o do software informatico ou as redes sociais, quando o bom senso deveria impor-se e reconhecer que nesse terreno temos já todo o caminho andado.
Eis a importáncia fundamental de umha verdadeira reforma ortográfica. Adiar a adoçom de umha ortografia substancialmente comum ao campo lusófono continuará a favorecer este absurdo isolamento auto-imposto e um gasto de energias preciosas em iniciativas totalmente estéreis, como a interminável produçom de materiais já existentes na nossa língua. Mudar a ortografia e, em simultáneo, fazer circular na Galiza todo o tipo de produtos culturais em português é dar um oxigénio imprescindível à nossa língua no seu território originário e permitirá umha rápida mudança na consciência social, valorizando as grandes potencialidades do galego como língua útil para o nosso povo.
Digamo-lo mais umha vez: o galego nom sofre nengumha ameaça. É um dos poucos idiomas em forte expansom demográfica, privilegiado pola globalizaçom em curso e cuja sobrevivência está garantida num futuro mais que imediato. O que está em causa é a própria comunidade lingüística e nacional galega.
A reorientaçom imediata da estratégia normalizadora poderá reincorporar-nos ao nosso espaço próprio sem perdermos a nossa milenária identidade galega. O continuísmo atual garante o nosso final como povo, nos braços de um regionalismo tam inofensivo como assimilável pola “riqueza e diversidade espanhola”.
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