Quero aplicar a miña ciencia á lingua para pintar a face do noso maior ben colectivo: o galego







martes, 10 de setembro de 2013

Houston, temos uma hipótese

por Valetim Fagim, no Sermos Galiza:


Taboo é um jogo de tabuleiro em que devemos descrever um conceito sem o nomear nem usar certas palavras na descrição, aquelas que facilitariam a identificação por parte da nossa equipa. É provável que a palavra Língua aparecerá no maço de fichas do tal jogo e atrevo-me a arriscar que os tabus serão palavras como Identidade, País, Gramática e outras similares.


A palavra cuja enunciação não creio que seja proibida é Planeta, o que é de notar porque dominar uma língua não deixa de ser uma viagem interplanetária que nos oferece numerosas regalias. Há quem esteja interessado na literatura ou a música, quem visualize o mercado laboral ou as oportunidades de negócio, quem deseje aumentar a sua rede social... tudo isto e mais consegue-se com o acesso a um planeta língua. Na verdade, estamos num momento histórico onde se privilegia como nunca ter o cartão de embarque para diferentes línguas/planetas. A insistência de Bruxelas neste aspeto é constante e os diferentes governos, com mais ou menos jeito e sinceridade, investem na formação em línguas.

Para a possessão de cartões de embarque, existem países com vantagens à partida: Suíça, Bélgica, Quebeque, Porto Rico... Que temos os galegos e as galegas a dizer ao respeito? Para já, a língua galego-portuguesa nasceu na Galiza e a língua castelhana está por toda a parte. São as duas línguas românicas com mais falantes e estão presentes em numerosos países e continentes. Não está mal para começar a viagem, no mínimo, melhor do que Madri, Berlim ou Paris.

Ora, o que interessa não é a pista de descolagem, de onde partimos, mas o percurso, por onde vamos, e o destino, aonde queremos chegar.


Se começamos a contar desde 1980, quando o galego entra no sistema educativo, até hoje, deparamos com uma rota de viagem bastante estranha onde o castelhano é aproveitado na sua totalidade enquanto o galego-português na sua “infimidade”. Passados trinta anos, quase todos habitamos o planeta Ñ, sabemos mover-nos à vontade, aproveitar o que nos oferece. Porém, não se passa o mesmo com o planeta NH. A imensa maioria não transita este astro nem parece interessar-lhes. Aqueles que o fazemos somos mais ricos, certeza, mas uma pergunta surge logo, por que o que é bom para nós e está ao alcance de todos, não é de transito comum?

Para responder a esta pergunta é comum falar-se de auto-ódio, os galegos são assim, são assado, o nacionalismo espanhol, etc. e tal. É capaz de ser assim mas seria bem mais interessante perguntar-se sobre o que fizemos com a nossa língua e o que se pode fazer de diferente. Afinal, o que mais de estranho tem a rota de viagem é que o Brasil, Portugal, Angola, as suas gentes, as suas produções não existem. Não aparecem nos nossos radares. Engolidos por algum buraco negro? Habitam noutra dimensão? Acho que não, é acender o meu computador e estão aí.

O diretor do Consello da Cultura Galega, Ramón Villares, afirmou que se desaproveitara este recurso mas que esta atitude era revisável. Todos os galegos e galegas viríamos a ganhar, que é o que realmente importa, com a mudança de rumo. Temos um problema, sim, mas também temos uma hipótese. Viagem interestelar? 10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1....

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