por Valentim Fagim, no Sermos Galiza:
Se comparamos um aluno galego com outros do resto do Estado evidenciaremos que não há diferenças significativas do ponto de vista físico ou inteletual. Não destacam pola sua inteligência, a sua beleza ou a sua agilidade.
Se comparamos os membros da etnia watusi com o resto das etnias africanas evidenciaremos que são a etnia mais alta não da África mas do mundo. Nos homens a altura média é de 1.95m enquanto nas mulheres alcança os 1.77m.
Coloquemo-nos na mente do ministro de desportos do país onde moram os watusi. A sua equipa de assessoramento reúne-se para decidir que atividade desportiva será promovida socialmente. Numa tempestade de ideais ecoam patinagem artística, karts, pingue-pongue e até o curling. É o que têm os brainstormings, é necessário atrasar o julgamento enquanto ainda não se terminou a geração de ideias. Ora, numa segunda fase entra-se na análise das ideias e descartam-se as menos luminosas. No caso que estamos a referir, o curling desaparece logo do mapa. Entre os desportos citados aparece, no entanto, o basquete. Como sabemos, a altura joga um papel fundamental neste desporto o que unido a que os watusi destacam polos seus centímetros só permite um resultado sensato.
Voltemos a Galiza. Como dizíamos e sabemos, o estudantado galego não destaca pola altura. Em que destacam então?
Os Ops é um ateliê que a AGAL está a desenvolver em centros de secundário e que vai ao encontro da vantagem dos nosso estudantado no ensino secundário. O obradoiro desenvolve-se em português de Portugal. É o único registo que utilizam as docentes, o que coloca duas questões importantes. Seria possível fazer o mesmo ateliê em Burgos, Donosti ou Tarragona? Sabemos que não. Não entenderiam.
A segunda questão que coloca o Ops é que apesar de os alunos e alunas não estarem expostos, estruturalmente, a outras variantes da nossa língua, conseguem, melhor ou pior, desenrascar. Em termos watusi poderíamos dizer que são altos. Ora, ter certo desempenho em português de Portugal e destacar pola altura são realidades diferentes. A segunda é física, genética a primeira é social, pode ser desenvolvida ou abafada.
Antes falávamos de um ministro de desportos, é o momento de tocar conselheiros de educação. A presença do galego como matéria curricular supera os 30 anos, uma bela cifra para obter resultados e fazer análise dos mesmos. Será que na Conselharia de educação também fizeram brainstorming? Não saberia dizer mas parece que não. Centenas de milhar de pessoas têm passado polo sistema educativo galego, o autor este artigo entre eles, e nenhuma parte do currículo escolar viu-nos a informar da nossa vantagem. A maioria ainda não o sabem e quem o sabemos foi por causas conjunturais, um docente especialmente curioso, uma viagem a Portugal, uma canção... e reconheçamos que não é muito sério que um cidadão galego descubra que fala a sexta língua do mundo em falantes por que ouviu o Caetano Veloso em casa de um amigo.
Onde sim parece que fizeram uma tempestade de ideias foi na Extremadura espanhola. Ali tampouco seria possível fazer um Ops porque são monolingues em castelhano. Só funcionaria naquelas turmas expostas ao ensino do português de Portugal, muito mais numerosas que na Galiza. Conexão watusi-Badajoz.
Chegando já ao final deste artigo o leitor, a leitora estará à espera de adjetivos ou nomes que descrevam este estado de cousas, Vergonha, Estupidez, Incapacidade... pois, poderiam valer. Ora, o sistema educativo espanhol não tem como objetivo aproveitar as capacidades do seus alunos e alunas para as maximizar. A sua função é outra, tão evidente que nomeá-la seria insultar a inteligência da pessoa que está a ler este artigo. Assim sendo, olhemos para nós mesmas, para as pessoas que aspiramos a que a língua da Galiza seja promovida socialmente e passe da periferia para o centro. Feito isto, as perguntas batem no horizonte: quem tem contribuído a esconder as capacidades dos nossos alunos e alunas? Por quê?, até quando mais teremos que esperar a que soe Caetano Veloso por acaso?
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