Quero aplicar a miña ciencia á lingua para pintar a face do noso maior ben colectivo: o galego







sábado, 28 de febreiro de 2015

Olá, novo consenso!

por Miguel Penas, na Praza Pública:


Fevereiro de 2015 pode ser um mês que marque um ponto de inflexom na história da nossa língua no atual território da Galiza. Começou com umha importante mobilizaçom social em favor do galego e finalmente termina com bom sabor de boca, fruto da assinatura dum acordo de colaboraçom entre o Presidente do governo galego e o Chefe de Estado português. Parece evidente que a língua importa, ainda na Galiza do século XXI.

Importa, e muito, porque umha percentagem relevante do povo galego assim o tem manifestado, nunca melhor dito, polas ruas e praças da capital galega numerosas vezes. Assim como no seu agir do dia a dia. Falamos de umha proporçom elevada da cidadania galega que nom sempre se sentiu amparada pola administraçom que maior cumplicidade e sensibilidade deveria mostrar neste tema, a própria Junta da Galiza. O atual governo galego chegou ao poder depois de ter-se apoiado, entre outros argumentos, num ilusório conflito construído fundamentalmente por quem realmente mostra um ódio terrível frente à língua do país. Quebrou-se, assim, um fraco consenso que tinha as suas peças fundamentais no decreto Filgueira de 1982 e no Plan de Normalización de 2004. Um velho consenso que fora construído de costas viradas a estratégia histórica do galeguismo e que nestes últimos 30 anos insistiu no afastamento da nossa fala a respeito daquelas variantes alheias às atuais fronteiras de Espanha. Um ideário que reconhecia como galego as falas de três concelhos da província de Cáceres, mas nom o galeguíssimo falar de Castro Laboreiro. Qualquer observador externo dá-se conta que esta forma de conceber a língua foi bem pouco eficaz e nada produtiva.
Trinta e três anos de velho consenso que nos transportárom até o ponto atual. Mais de três décadas de umha estratégia que ocultou o potencial do galego e que, aliás, deixava fora esse importante setor da cidadania que já nom fala galego habitualmente. Um caminho que se centrou numha rígida filiaçom identitária que até podia deixar excluída essa parte do povo galego que já nom é utente da língua própria do país. Um velho consenso fracamente partilhado por aqueles que tenhem utilizado o idioma como umha arma política ainda que com diferentes objetivos.
Chegados ao ponto atual é preciso construirmos entre todas e todos o novo consenso. Umha nova estratégia que da AGAL transmitimos com a metáfora do New Deal: quando as cousas venhem viradas é necessário mudar o rumo. Viremos 180º graus para começar por reconhecer que no novo consenso o português tem de ocupar umha posiçom central. Para algumhas galegas será mais umha língua estrangeira -de fácil aprendizagem- e para outras será mais umha variedade do galego. Ambos os sentimentos som compatíveis no novo consenso, e todas as partes tenhem muito a ganhar.
Jogar a ganhar, a que todas as partes ganhem foi o espírito fundamental que guiou a Lei Paz Andrade, que agora em março completará o seu primeiro ano de vida. A dinámica desta lei é umha boa mostra de como pode ser este novo consenso. A iniciativa da lei chegou ao Parlamento com um alargado apoio social -mais de 17.000 sinaturas- e foi aprovada por unanimidade dos quatro grupos lá representados. A partir de diferentes conceções e com distintos posicionamentos chegamos a um ponto em comum, o português de Portugal, do Brasil, de Angola tem de ocupar um espaço importante na Galiza, dado que isto é bom para a sociedade no seu conjunto, vivamos como vivamos o galego.
O novo consenso tem de chegar para transformar o galego numa língua completa e global. Vai ser o motor para revitalizar os seus usos, alargá-los e mostrarmos orgulhosamente como somos o único coletivo no Planeta Terra que pode comunicar de forma natural com as sociedades que falam em espanhol e em português, as duas línguas latinas mais estendidas. O novo consenso é umha estratégia envolvente e abrangente, é um roteiro que dá sentido ao galego para qualquer pessoa da Galiza. É um caminho que combina identidade e utilidade para a língua, independentemente do relacionamento que desejemos ter com ela.
Porque o galego-português é a nossa língua própria, mas nom exclusiva do nosso território. E por isso que saudamos e damos as boas-vindas ao novo consenso.
Olá, Novo Consenso!

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