Ainda em meio desta preocupação geralizada pela economia que nos levou ao desamparo político, ético e de futuro previsível, os galegos/as andamos a voltas com a nossa língua. Somos um povo de poetas desde Ortegal até o Mondego.E, será pela nossa ascendência visigótica ou castreja? Vá você a saber!.Mas é certo que existe um profundo abismo entre aquela parte da povoação que só quer dinheiro e mais dinheiro, como um deus a adorar, e outra muita gente que se preocupa com coisas tão pouco rentáveis (na aparência) como a cultura e cousas de «nom matar» que diria a minha amiga e admirada Marica Campo.Muitas são as vezes que me paro a pensar no devalar da nossa língua o Galego ou Português da Galiza. E imagino-a como uma pedrinha de “çucre” . Ainda com o aquilo de Castelão: «Que comerá o Rei/- Comera, comera...Zucre!».Pelo doce, mas também pelo solúvel. Vejo-a adentro dum copinho d’água a resistir duramente a sua dissolução no líquido em que está, irremediavelmente, mergulhada. Um líquido ativo e corrosivo, representado pelo idioma espanhol na Galiza.E assim observo como as palavras mais galegas vão perdendo uso face as que se parecem mais às espanholas.Pensemos entre escada e escaleira (espanholismo), reserva-se a primeira para aquela feita toda de madeira, rústica, que se usa nas aldeias para subir aos altos. A segunda é aquela que está mais trabalhada ou mais moderna.Entre cheirar, palavra de grande sonoridade, e ulir, escolhe-se esta para o bom cheiro e a galega para o mau –cheira que fede-. Quando a sonoridade galaica da primeira é mui superior a da segunda. Entre corte e estábulo diferencia-se deixando para corte o velho espaço embaixo das casas quando os animais conviviam com as gentes (épocas antigas...) A palavra lareira que os portugueses adaptaram aos tempos modernos e utilizam para qualquer fogo que se faça no interior da casa, ficou reduzida para sinalar a velha pedra em que se fazia o lume antigamente nas casas. Já não tem qualquer significado para o mundo moderno é uma relíquia do passado. Nos utilizamos a forma castelhana de chimenea ou a “agalegada” de chaminé e eliminamos do nosso vocabulário a lareira e o lar. Este último substituído já totalmente por fogar tradução literal do castelhano hogar. Acostar-se por deitar, recordar por lembrar, em fim, que sempre vai ser privilegiada a forma mais semelhante à espanhola que a diferente ainda sendo esta mais sonora.Todavia, preferimos a castelhanização em quase todos os casos: “Vou a fazer” por “vou fazer” utilizando a preposição a entre o verbo ir + infinitivo da maneira mais natural.Os “inconvintes” vão sendo mais e mais utilizados e os verbos conjugam-se à espanholaComo o fato de confundir o pretérito-mais-que-perfeito de indicativo com o pretérito imperfeito de subjuntivo (viera com viesse, fora com fosse, estivera com estivesse, etc) porque estas formas em castelhano são equivalentes, mas não em galego que significam diferentes tempos verbais. Não é raro escutar “a mel” ou “a leite” porque em castelhano são femininos mais não em galego.A minha língua é uma pedrinha de “çucre” doce e amável. Rica e criativa. Antiga e importante quer em sua literatura quer na sua projeção no mundo, ou simplesmente porque é a nossa. Mas ainda nem está bem tratada nem menos cultivada.Vejo tantas novas mestras, e também mestres, que deveriam falar em galego aos seus estudantes e não o fazem. Vejo tanta juventude que sabe galego porque o estudou durante vários anos, e não o utiliza. Vejo a tantos maiores que, sendo eles galego falantes falam ás crianças em castelhano -com maior ou pior fortuna-. Vejo pouco carinho para a nossa língua. Nem naqueles que dizem defende-la. Feijó e Rajoi pronunciam-se a castelhana e não à galega, por quase toda a gente. Sem qualquer problema. “Suelo, abuelo/a, jueves” são expressões normalmente utilizadas ainda pelos defensores/as do galego.Gostaria de saborear a minha língua como gosto das pedrinhas de “çucre”. Escutando a grande variedade de sons que a caracterizam, e a música que a acompanha. Gostaria de evitar que se fosse diluindo paseninhamente na sua competidora a castelhana. Os espanhóis têm no seu histórico imaginário o aquele de que “A língua é companheira do Império”. Eu não quero mais império que o do amor. Pola natureza, pola cultura, pola justiça , pola paz , por outros seres humanos que falam e cantam como eu em diferentes sons. Só peço que me deixem gostar o doce sabor da minha língua galega, falando o melhor possível e ajudando-me nas minhas incorreções para mimar o seu cantareiro recendo.
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Quero aplicar a miña ciencia á lingua para pintar a face do noso maior ben colectivo: o galego
venres, 29 de xuño de 2012
A minha língua: uma pedrinha de açúcar
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