por Séchu Sende, como é normal nel, excepcional, cun fermosísimo contiño sobre a transmisión interxeneracional, en Galicia Confidencial:
-Nom tenho demasiadas, afortunadamente. E digo afortunadamente porque cada vez que consigo umha é como se medrasse a minha tristeza... ás vezes, outras, a raiva. Já perdim a conta delas, tenho-as nesta caixinha negra, olha. Ves, som culherinhas pequenas, prateadas, todas som diferentes.
Contei-nas. Brilhavam. Havia doce culherinhas.
-Esta foi a primeira, -dixo Luísa colhendo umha-. A mim encantava-me jogar de nena com ela e um dia dixo-me minha avoa, recordo-o perfeitamente, dixo: Esta culher agora é tua. Coida-a bem e limpa-a com limóm, que é de prata. Recordo-o como se fosse hoje: Esta culher... agora é tua. Esta culher... dixo. Guardei-na como um tesouro até hoje. Despois minha avoa puxo-se a pelar umha laranja.
Luísa tem duas nenas. Umha de cinco anos, Inés, e outra de dez meses, Maruxa. Saímos dar umha volta e entramos num bar, na Rua do Príncipe. Pedimos duas cervejas. Maruxa começou a chorar no carrinho e Luísa colheu-na no colo.
- Tem fame, dixo.
Sacou um tarrinho do bolso, mostrou-lho á nena, que deixou de choromicar, e dixo-lhe:
- Hoje preparei-cho de laranja e pera.
E dixo-me a mim:
- Nunca levo culherinha no bolso.
Ergueu-se e achegou-se á barra com a nena no colo.
- Olá, poderia deixar-me umha culherinha?
A camareira dixo: Que?
- Umha culher, -repetiu Luísa..
- Que?, -repetiu a camareira. Teria uns trinta anos.
- Umha culher, repetiu.
- Eh?, repetiu a camareira.
- Umha culher, -repetiu Luísa sinalando com o dedo umha culherinha que havia sobre a barra um pouco mais alá.
- Ah!, exclamou a camareira.
Luísa voltou com a culher e dixo enfadada, indignada:
- Outra para a colecçom.
E dixo:
- É triste que haja alguém que nom te entenda no teu próprio país quando pides umha simple culher.
E dixo:
- Por isso é triste a minha colecçom, porque medra com a ignoráncia da gente... E da-me raiva.
Quando Maruxa acabou a pera com laranja e nós, as cervejas, Luísa guardou a culherinha no bolso, paguei e marchamos. Na rua Inés prendeu-se da mao de sua mai e dixo-lhe:
- Mamá, sabes, vou começar umha colecçom de garfos
Por poñerche outro exemplo de que a cousa é moi común:
ResponderEliminarhttp://cartaxeometrica.blogspot.com/2010/03/o-xel-el-gel-set.html